A onda de calor que assola o Brasil e o mundo é um alerta sério sobre os impactos das mudanças climáticas
“Passamos da etapa do aquecimento, estamos em uma emergência climática ou de ebulição global”. A reflexão é de Paulo Artaxo, professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
A constatação é inegável, estamos sentindo na pele. No Brasil, nesta temporada de verão — intensificada pelo calor intenso que já vinha sendo registrado por causa do El Niño — fenômeno que aquece as águas dos oceanos, enfrentamos temperaturas que vão de 32°C a 41°C, até 13°C acima da média de novembro. Já as sensações térmicas passam de 50°C; o Rio de Janeiro chegou a registrar 58,5°C na terça-feira (14), em Guaratiba.
O superaquecimento provoca inúmeros prejuízos, como o desequilíbrio das atividades agropecuárias, a intensificação da poluição, a perda da biodiversidade local, além de danos à saúde da população.
É urgentíssimo repensar nosso papel no equilíbrio climático. Empresas, como agentes de mudança, podem liderar a transição para práticas sustentáveis. Da agricultura à indústria, cada passo conta.
Durante ondas de calor, o aumento na demanda por eletricidade para refrigeração e ar condicionado coloca pressão sobre as fontes de energia. Empresas que dependem fortemente de energia podem aumentar a exploração de recursos naturais.
Entre as soluções, o investimento em energia renovável e construções sustentáveis são boas alternativas.
Empresas – sobretudo dos setores de agropecuária, processos industriais e uso de produtos e energia – são grandes emissoras gases de efeito estufa (GEE), o que agrava, e muito, as ondas de calor.
Uma boa saída é o mercado de carbono, com incentivos para a adoção de tecnologias limpas e a redução da pegada de carbono. Empresas que se anteciparem, com boas práticas, reduzem riscos e potencializam ganhos.
Leia: Mercado de Carbono no Brasil: um passo para a frente, outros para trás.
O crescimento desordenado de áreas urbanas, impulsionado muitas vezes por atividades empresariais, contribui para a formação de ilhas de calor. O asfalto e o concreto retêm calor, elevando as temperaturas locais.
Solução: adoção de práticas de construção sustentável e planejamento urbano que priorizem áreas verdes.
Empresas que adotam práticas sustentáveis, como eficiência energética, resíduos, uso de energias renováveis e proteção à biodiversidade podem desempenhar um papel significativo na redução dos impactos das ondas de calor; um bom exemplo são corporações que investem em tecnologias verdes e promovem a economia circular.
Empresas podem sensibilizar colaboradores e consumidores sobre práticas sustentáveis, com campanhas de conscientização que incentivem hábitos para minimizar impactos ambientais.
Ação: acompanhamento de tendências e debates globais, como a COP 28, que vai debater o tema; programas internos de conscientização; parcerias com ONGs ambientais e promoção de iniciativas de responsabilidade social.
A relação entre atividades empresariais e ondas de calor é clara. Nesse sentido, as empresas devem assumir o papel de agentes de mudança positiva.
A colaboração entre setores é essencial para enfrentarmos os desafios ambientais que temos pela frente.