Na manhã desta quarta-feira, o massacre realizado por dois ex-alunos na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, fez com que o país ficasse atônito.
O ataque, que deixou 10 mortos e 11 feridos, despertou novamente a discussão sobre a flexibilização do porte de armas no Brasil.
No dia seguinte, o debate foi reacendido do outro lado do mundo, na Nova Zelândia. O ataque dessa vez deixou 48 feridos e marcou a data como uma das mais sombrias da história do país.
É por conta do rastro de destruição deixado pelas armas de fogo que a #CausaDaSemana é pelo #ControleDoPorteDeArmas.
O caso em Suzano, como não poderia deixar de ser, repercutiu entre os políticos.
O senador Major Olimpio declarou que, se algum funcionário da escola portasse arma de fogo, o massacre teria sido menor.
Renan Calheiros se pronunciou dizendo que era preciso repensar a ideia de facilitar o acesso ao armamento, “já que a cultura belicista estimula atos violentos e não é solução para o nosso grave problema de segurança pública”.
Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, chamou de “barbárie” a ideia da flexibilização.
Na Nova Zelândia, o debate também acontece. Com uma das legislações mais flexíveis da região, o país realiza a checagem de antecedentes, mas não obriga que a maioria das armas de fogo tenham registro.
Para a antropóloga Alba Zaluar, no caso do Brasil o assunto tem que ser discutido de forma mais séria. Para ela, pior do que a facilidade de acesso é a valorização do uso de armamentos como forma de resolução de conflitos.
Já para a especialista em segurança pública Marcelle Gomes Figueira, a questão está na letalidade da arma. “Em uma sociedade tão conflituosa como a do Brasil, ampliar o acesso é também aumentar o número de lesões fatais”, destaca.
Vale lembrar que o Brasil lidera um ranking que não causa orgulho: somos o país com o maior número de mortes por armas de fogo no mundo. Se acrescentarmos os EUA na conta, os dois países somam sozinhos 32% de todas as mortes por armas no mundo.
E não é apenas nessa porcentagem que os países ficam lado a lado. Não demorou muito para que a tragédia de Suzano fosse comparada ao massacre de Columbine, um dos piores da história.
Mas também vale destacar que nos Estados Unidos o momento é outro. Após mais um massacre em uma escola da Flórida, os estudantes que sobreviveram ao episódio, em 2018, assumiram a liderança do ativismo contra as armas e tem exigido mudanças na legislação.
Para se ter uma ideia, no ano passado foram lançadas várias campanhas que falavam sobre a necessidade do controle de armas. Entre os ads está um anúncio que criou o termo family fire para descrever tiros acidentais que ocorrem em casa.
Nos EUA, 8 crianças por dia são mortas ou feridas por armas que são deixadas destravadas e carregadas.
Já outros, preferem falar do assunto usando a dança.
O Youtube também resolveu fazer parte do movimento de gun control e baniu as publicidades de armas de fogo da plataforma.
Mas afinal, há solução? O G1 ouviu vários especialistas para tentar descobrir se há uma forma de evitar tragédias como a que aconteceu em Suzano.
Já a Gazeta do Povo reuniu 6 textos para tentar entender a motivação dos tiroteios em massa.
As outras tantas histórias parecidas com Suzano mostram que é necessário estabelecer leis sensatas, que garantam a segurança da população e ajudem a dar mais transparência à comercialização e porte de armas.
Se a bala ensina alguma coisa é que precisamos achar um novo caminho, um que traga tolerância e empatia, soluções muito mais eficientes que um projétil – que nunca deixa nada além de um rastro de destruição.