Na última semana, a história da bailarina Maria Glória Poltronieri Borges, conhecida como Magó, voltou a jogar luz sobre um tema que ainda é varrido para debaixo do tapete: o feminicídio. A jovem foi encontrada morta com sinais de violência perto de uma cachoeira em Mandaguari, no Paraná, e desde então tem mobilizado protestos pelo país. O próximo ato deve acontecer neste sábado (8), em São Paulo.
Na última terça-feira outro caso também chamou a atenção. Desta vez, um policial militar agrediu uma mulher grávida durante uma ocorrência no interior de São Paulo. Um vídeo que circula pela internet mostra quando o agente coloca seu joelho sobre a barriga da mulher, dá um tapa em seu rosto e depois a segura pelo pescoço.
O vídeo é só mais uma prova, entre tantas outras, de que o desrespeito à mulher ainda é regra no país. Exemplo disso é uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão. Nela, 43% dos homens admitiram acreditar que a mulher provoca a agressão. Graças a essa conjunção de fatores desastrosa, uma mulher é morta a cada duas hora no país vítima de violência. Diante disso, será que é possível olhar ao redor e dizer que avançamos?
No ano passado, a campanha “Lei do Minuto Seguinte”, do Ministério Público Federal, ganhou três leões de Cannes, o Festival Internacional da Criatividade mais importante no mundo. A ação abordava a falta de conhecimento da lei que garante atendimento gratuito para as vítimas de violência sexual sem um boletim de ocorrência.
Outra iniciativa que tenta fortalecer o combate aos casos de violência contra a mulher é o projeto Eu sou a Glória. A robô identifica soluções para a quebra do ciclo de abuso e usa tecnologia de dados para gerar relatórios sobre o padrão de ocorrências.
Mais do que deixar as pessoas cientes em relação ao número de casos, está na hora de garantir que episódios como o da bailarina Maria Glória não aconteçam mais. É preciso dar novos passos, abrir ainda mais espaços e fazer com que nenhuma história seja relegada novamente a ficar nas sombras. É preciso falar, ouvir e agir agora, para que no futuro o respeito às mulheres seja um fato e não uma causa que ainda precise ser defendida.