Como uma ecovila de Portugal ajudou a desenvolver o primeiro sistema de biogás no Brasil

Após visitar a ecovila Tâmera, no Sul de Portugal, os irmãos Fábio e Cláudio Miranda tiveram a ideia de levar as tecnologias vistas por lá para a comunidade do Jardim Ângela, na Zona Sul de São Paulo, criando Instituto Favela da Paz.

 Como uma ecovila de Portugal ajudou a desenvolver o primeiro sistema de biogás no Brasil

Texto: Esmeralda Angelica

Fotos: Raphael Poesia/ Instituto Favela da Paz

 Você já ouviu falar nas ecovilas? São comunidades rurais ou urbanas, nas quais um grupo de pessoas constrói um ambiente social seguro, com um estilo de vida de baixo impacto ecológico, baseado na sustentabilidade.

Após visitar a ecovila Tâmera, no Sul de Portugal, os irmãos Fábio e Cláudio Miranda tiveram a ideia de levar as tecnologias vistas por lá para a comunidade do Jardim Ângela, na Zona Sul de São Paulo, criando Instituto Favela da Paz. Dentre os aprendizados, o principal foi o sistema de biogás, desenvolvido por Thomas Henry Culhane na ecovila portuguesa, mas não funcionava por lá, apesar de muitas tentativas.

No Brasil, Fábio Miranda fez adaptações com válvulas, e a invenção funcionou. As atividades foram adequadas para um cenário periférico; logo, todos os materiais do sistema são de baixo custo, ele é anaeróbico, ou seja, composto por um ciclo de bactérias que se alimentam da fonte de energia das matérias orgânicas, dando origem ao biogás. 

Transformando a periferia

Para atender às necessidades da comunidade, Fábio criou o BIO21, uma versão menor do biogás original, e ele ensina nas oficinas do projeto “Periferia Sustentável” como construir com ferramentas locais, respeitando todas as etapas do processo, como a temperatura e o PH. Na prática, os moradores levam restos de alimentos, que iriam para o lixo, para fazer o composto.

 Como uma ecovila de Portugal ajudou a desenvolver o primeiro sistema de biogás no Brasil

Fábio explica que o sistema serve como um complemento ou uma segunda opção, caso falte o gás butano que usamos na cozinha. A tecnologia adaptada por ele foi levada de volta para a ecovila portuguesa, transformando a vida dos habitantes do local, e também foi repassada para outros estados do Brasil, como as comunidades amazônicas e ribeirinhas;  uma outra versão está em um laboratório da USP Leste para estudos e pesquisas.

O sucesso da tecnologia desenvolvida em uma favela da Zona Sul de São Paulo prova que não existem fronteiras para a transformação acontecer. 


Compartilhe:

Linkedin Facebook Whatsapp